“O fosso salarial entre géneros é um dos principais problemas para o desenvolvimento da sociedade, e constitui um obstáculo à igualdade de oportunidades. Para enfrentar esta questão, foi demonstrado que as medidas mais eficazes começam pelo conhecimento das suas causas”. Isto é explicado no guia de boas práticas Medidas Eficazes para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens, do Instituto da Mulher e do Ministério espanhol da Saúde e Serviços Sociais e Igualdade.
De acordo com dados do Parlamento Europeu, atualizados em abril de 2021, as mulheres que trabalham na União Europeia ganham em média 14% menos por hora do que os homens. Dentro da UE, esta lacuna difere muito de país para país. Os valores mais elevados encontram-se na Estónia, com 21,7%, Letónia com 21,2%, Áustria 19,9%, Alemanha 19,2%, República Checa 18,9%, Eslováquia com 18,4%, e Hungria 18,2%.
DISPARIDADES SALARIAIS E DISCRIMINAÇÃO SALARIAL
Mas será a diferença salarial e a discriminação salarial a mesma coisa ou são conceitos diferentes? O fosso salarial, também chamado desigualdade salarial, refere-se à diferença entre o que homens e as mulheres ganham em média, a distância entre os salários de homens e mulheres.
A discriminação salarial é descrita como discriminação “ex-post”. Refere-se à parte da diferença salarial que se baseia em motivações estritamente discriminatórias, ou seja, a parte da diferença salarial que não pode ser justificada por razões que não sejam o sexo da pessoa empregada.
Por conseguinte, podemos concluir que a discriminação salarial ocorre no local de trabalho e é determinada por fatores que condicionam o acesso das mulheres ao mercado de trabalho nas mesmas condições que os homens. A discriminação salarial, por outro lado, só ocorre depois de o trabalho ter sido assumido. O fosso salarial mostra a discriminação e as desigualdades no mercado de trabalho que afetam principalmente as mulheres.
FACTORES DAS DISPARIDADES SALARIAIS ENTRE HOMENS E MULHERES
Tomando em consideração os fatores da disparidade salarial entre géneros estabelecidos em “The Pay Gap: Causes and Indicators“, a disparidade salarial entre géneros tem causas variadas e complexas, que exigem uma abordagem e ação abrangentes sobre a discriminação direta, critérios de avaliação de emprego, desigualdades de mercado, estereótipos de género, e a cultura empresarial que é gerada por crenças e fatores discriminatórios.
Alguns dos fatores das disparidades salariais entre homens e mulheres são:
A valorização social e económica do trabalho das mulheres é inferior à dos homens, e estas enfrentam a discriminação de receberem pagamentos menores do que os homens quando são igualmente qualificadas, trabalham nas mesmas condições e dentro das mesmas categorias profissionais. Este é um dos fatores mais comuns da diferença salarial e da sua perpetuação.
As diferentes posições de mulheres e homens no local de trabalho, marcadas pelas relações de género e nas quais existe segregação profissional: incorporação posterior das mulheres em diferentes setores e níveis de emprego, mulheres que ocupam posições de responsabilidade, condições de trabalho inferiores, etc.
Outra das causas do fosso salarial é a incorporação maciça das mulheres no mundo do trabalho. Porquê? Porque não tem sido acompanhada por uma partilha equitativa das responsabilidades familiares entre mulheres e homens. Por conseguinte, a incorporação das mulheres no mundo do trabalho significou, e continua a significar, uma renúncia obrigatória à promoção a melhores empregos com melhores salários.
A cultura de trabalho e a cultura empresarial atuais exigem uma dedicação total à empresa e uma prioridade sobre qualquer outra faceta da vida. A remuneração e progressão na carreira está associada a esta dedicação total, uma condição a que algumas mulheres respondem menos bem devido ao fator acima mencionado: não partilhar equitativamente as responsabilidades domésticas e familiares.
COMO E PORQUÊ REDUZIR AS DISPARIDADES SALARIAIS ENTRE HOMENS E MULHERES
De acordo com o Observatório para a Igualdade e o Emprego, o fosso salarial entre homens e mulheres é eliminado através de uma maior transparência salarial e de mais auditorias salariais. Isto é algo com que todas as entidades se devem comprometer e implementar a fim de detetar desigualdades salariais, e evitar que estas continuem a ocorrer.
Por outro lado, apoiar e encorajar o emprego de qualidade, ou seja, aquele que assume responsabilidades e adota medidas de conciliação, promove o crescimento profissional das mulheres, sem qualquer tipo de discriminação de género.
Finalmente, a promoção da igualdade de género e da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres através da sensibilização de toda a população é considerada fundamental. É importante sensibilizar as escolas através da educação desde tenra idade, mas também em todas as áreas da vida.
A eliminação das disparidades salariais entre homens e mulheres é um direito, porque a igualdade de remuneração entre homens e mulheres significa que os seus direitos estão a ser respeitados e o seu trabalho está a ser reconhecido. Significa mais produtividade, um mercado de trabalho mais competitivo e trabalhadores mais motivados. Contribui para uma maior participação das mulheres na economia, pelo que a redução das disparidades salariais entre os sexos é o combate à pobreza.